Bach
- Músico do período barroco que se distinguiu pela forma particular de interpretar o órgão e pela introdução da voz feminina na Igreja.
Conceptismo
- Complexo jogo de conceitos, ou seja, de ideias apresentadas com grande subtileza, com recurso a metáforas, paralelismos, jogos de palavras, alegorias e antíteses.
Cultismo
- Processo característico da literatura barroca que consiste no uso de construções sintácticas e jogos de palavras, numa exibição de virtuosismo retórico, de forma a impressionar o leitor.
Deleite
- Sinónimo de prazer aquando da leitura (era o que buscavam os poetas barrocos).
Efemeridade da vida humana
- Tema recorrente da poesia barroca.
Fénix Renascida ou Obras dos Melhores Engenhos Portugueses
- Cancioneiro seiscentista, editado em cinco volumes, compilada por Matias Pereira da Silva.
Galhofeira (atitude)
- Posição trocista face a aspectos diversos do quotidiano.
Imagem
- Elementos a partir dos quais é construído o poema e alvo de especial atenção antes do estudo do poema “À fragilidade da vida humana”.
Esse nácar em cinzas desatado Se a nau, o Sol, a rosa, a Primavera Olha, cego mortal, e considera Francisco de Vasconcelos in Fénix Renascida José Merengelo de Osan Morte Troca em cinza voraz lustrosa prata, Jasmim na alvura foi, na luz Aurora, Porém fora melhor que assim não fora, Francisco de Vasconcelos in Fénix Renascida Nácar ALGUMAS FIGURAS DE ESTILO OU DE RETÓRICA Alegoria Anáfora Ex: “Quantos, correndo (...) quantos, embarcados (...) Quantos, navegando (...)” (Cap.III, Sermão de Santo António aos Peixes) “Louvai a Deus, (...) louvai a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes) Antítese Ex: Céu/ Terra; Bem/ Mal; Céu/ Inferno; Dia/ Noite; Homens/ Peixes. Apóstrofe Ex: “Olhai, peixes lá do mar e da terra (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes) “Vê, voador (...)” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes) “Peixes, dai muitas graças a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes) Comparação Ex: “O polvo com aquele seu capelo na cabeça parece um monge, com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela (...)” (Cap. V, Sermão de Santo António aos Peixes). Enumeração Ex: “(...) na terra pescam as varas (...) pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes). Exclamação Ex: “Oh alma de António, que só tivestes asas e voastes sem sem perigo, porque soubestes voar para baixo e não para cima!” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes). Gradação Ex: “(...) da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes) Hipérbole Imagem Interrogação Ex: “Parece-vos bem isto, peixes?” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes)“Fizera mais Judas?” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes). Metáfora Ex: “(...) às águias que são os linces do ar (...) e aos linces, que são as águias da terra (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes) Zeugma
Esse baixel nas praias derrotado
Foi nas ondas narciso presumido;
Esse farol nos céus escurecido
Foi do monte libré, gala do prado.
Foi vistoso pavão de Abril florido;
Esse Estio em vesúvios incendido
Foi zéfiro suave, em doce agrado.
Estrago, eclipse, cinza, ardor cruel
Sentem nos auges de um alento vago,
Que é rosa, Primavera, Sol, baixel,
Para ser cinza, eclipse, incêndio, estrago.
- Nome da pessoa que compilou o Postilhão de Apolo.
- Realidade suavizada pela palavra “repousa” no poema “À morte de F.” (eufemismo). À morte de F.
Esse jasmim, que arminhos desacata,
Essa aurora, que nácares aviva,
Essa fonte, que aljôfares deriva,
Essa rosa, que púrpuras desata;
Brota em pranto cruel púrpura viva,
Profana em turvo pez prata nativa,
Muda em luto infeliz tersa escarlata.
Fonte na graça, rosa no atributo,
Essa heróica deidade que em luz repousa.
Pois a ser cinza, pranto, barro e luto,
Nasceu jasmim, aurora, fonte, rosa.
- Camada interna da concha; por vezes, aparece com o significado de «rosa».
Ornamentação
- Sinónimo de excesso de decoração, característica típica do discurso barroco.
Postilhão de Apolo
- Cancioneiro seiscentista, publicado em dois volumes, compilado por José Merengelo de Osan.
Quotidiano (sátira)
- A poesia barroca critica ou zomba de determinados aspectos do dia–a-dia.
Retórica
- Nome pelo qual o uso das figuras de estilo é também conhecido (a arte de usá-las).
Sinonímia
- Palavras que têm um significado semelhante. Ex: baixel/nau e farol/sol (Existente no poema barroco “À fragilidade da vida humana”).
Tempo
- Um dos temas principais da poesia barroca (a passagem do tempo).
Usos e Costumes (crítica)
- A poesia barroca, e sobretudo a narrativa, para além de abordar temas profundos também critica a sociedade do seu tempo.
Visualismo
- Característica do barroco realçada por formas verbais como “Olha”, no soneto “À efemeridade da vida humana”:
XVII
- Século por excelência do período barroco.
- É a corporização de uma realidade abstracta, normalmente conseguida a partir de um jogo de comparações, imagens e metáforas. A literatura portuguesa tem recorrido à alegoria em todas as épocas. São disso exemplo as figuras de Roma e do Tempo, no Auto da Feira, de Gil Vicente; a figura do polvo, no Sermão de Santo António aos Peixes, do padre António Vieira;
– Repetição de palavra ou expressão em início de período, frase ou verso.
– Figura que põe, lado a lado, palavras ou ideias, antagónicas.
– Interrupção do discurso para interpelar pessoas presentes ou invocar, sob forma exclamativa, pessoas ausentes, mortas, entes fantásticos ou coisas inanimadas.
– Figura por meio da qual se confrontam duas realidades distintas para fazer realçar a sua semelhança.
– Apresentação sucessiva de vários elementos (frequentemente da mesma classe gramatical).
– Figura pela qual se exprimem sentimentos de admiração, espanto, alegria, susto, indignação, sob forma exclamativa.
– Encadeamento de palavras ou ideias numa ordem progressiva (ascendente) ou regressiva (descendente).
“ Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes).
- Figura de estilo que consiste na utilização de termos ou expressões que exageram a realidade.
- É a representação sensível, animada e colorida da ideia numa palavra, frase ou parte de um texto. A comparação e a metáfora reunidas originam frequentemente imagens vivas e expressivas.
– Pergunta formulada, não para se obter uma resposta, mas para realçar as ideias do discurso.
– Comparação abreviada pela omissão da conjunção comparativa.
- Omissão de um termo habitualmente referido na frase anterior:
Jasmim na alvura foi, na luz Aurora [foi],
Fonte na graça [foi], rosa no atributo [foi],
2 comentários:
Tantas figuras de estilo só demonstram que esta obra é grandiosa. E tenho que dizer ainda que me parecem muito bem usadas.
Olá, Cilauro, até que enfim um comentário.
Bem, estes recursos de estilo poderão ser encontrados em muitas obras literárias, não apenas no «Sermão», e alguns deles até os utilizamos (sem ter sequer consciência disso) no nosso discurso quotidiano.
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